É um monólogo "poético, político", brutal, vivo, incrível, intenso, arrepiante, único, bestial, talentoso, inesquecível da brilhante e genial actriz Beatriz Batarda, encenado por Carlos Aladro.
Se existessem prémios tschan de teatro em Portugal, era Ella que ganhava.
Não tenho dúvidas. Ela é maravilhosa! É linda em palco.
Transforma-se convictamente em segundos, de mulher para homem, de homem para mulher, de criança para mulher ou para homem, de bêbado obrigada a beber schnaps na tasca para mulher frágil em fuga com medo que o seu disfarce e a falta de hábitos fisiológicos em copos a matem... é uma loucura o ritmo da representação (encarnação) de mil e uma personagens num só corpo e alma de actriz. Tudo isto sem parar e sem nunca o público conseguir duvidar de quem é agora que ali está.
Transforma-se convictamente em segundos, de mulher para homem, de homem para mulher, de criança para mulher ou para homem, de bêbado obrigada a beber schnaps na tasca para mulher frágil em fuga com medo que o seu disfarce e a falta de hábitos fisiológicos em copos a matem... é uma loucura o ritmo da representação (encarnação) de mil e uma personagens num só corpo e alma de actriz. Tudo isto sem parar e sem nunca o público conseguir duvidar de quem é agora que ali está.
Gostei da música do Pedro Moreira, da eficácia e pertinência do cenário de Manuel Aires Mateus que não nos distrai e tem tudo o que é preciso para a Beatriz Batarda ser o centro das atenções. A luz do Nuno Meira também estava bem, na hora e local certos.
Conta-nos a história de Ella, uma mulher que perde a sua identidade e que se dedica a sobreviver a qualquer preço. A peça, que tem o título original Jacke Wie Hose, é um conto poético e politico que passando por trinta anos da História da Alemanha nos conta a vida de Ella. Beatriz Batarda será Ella, uma mulher que não consegue arranjar emprego, e casa com um homem mais velho e doente, simplesmente para poder ter um tecto e o que comer. Quando Ella descobre que a ciática de que este se queixa é na verdade um cancro, decide juntar toda a informação e detalhes necessários para poder fazer-se passar pelo marido e assim não perder o precioso emprego. Max Gericke morre mas é Ella Gericke quem é “enterrada”. São vinte e seis quadros, ou retratos, que percorrem tempos de pobreza, guerra e reconstrução, e revelam a história de uma mulher que para viver teve de mentir, traficar, matar, diluindo-se na perda da sua identidade.
Termina hoje, 5 de Outubro no Teatro do Bairro Alto, em Lisboa.
Regressa ao Teatro S. João, no Porto, nos dias 19 e 20 de Dezembro.
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