Foi duro, foi muito duro. Deitei-me pela uma e levantei-me pelas seis e meia. Fomos de metro pelas sete e meia para estar na Gare do Oriente pelas oito... e lá encontrámos milhares de pessoas como nós, vestidos da mesma cor, com a mesma vontade, convicção e expectativas.
Quase que adormecemos na fila de espera interminável para o autocarro que nos levaria à Ponte Vasco da Gama e à nossa bicicleta, companheira do percurso de 13 Km que nos propunhamos a fazer naquela manhã solarenga.
Às dez estávamos na Ponte, no lote 10A... e às onze e meia anunciariam a partida.
Tinha um amigo no lote 5 e uma amiga no lote 11.
Ele achou que poderia vir connosco mas não deixavam trazer a bina com ele. Deixou-a lá. Perdeu-a quando lá regressou. A sorte é que no nosso lote tinham sobrado três. E lá conseguimos juntos construir uma bina boa para ele, com uma roda trocada, um selim sem estar rasgado, com pipos e com a garrafinha de àgua em condições.
Apitaram, as televisões passavam por nós bem como os carros do outro lado da ponte sempre a buzinar... Começava o desafio!
Foi duro, duríssimo... questionei-me ainda algumas vezes como é que me tinha metido numa coisa daquelas... Lisboa estava ao longe e não havia hipótese de não pedalar para lá chegar.... mas, graças a esta pequena loucura, iria ter uma bina linda... fiz-me à estrada, com coragem e fé... e com os meus amigos. Sem eles... não teria ido nem conseguido chegar à meta. Obrigada, amigos lindos.
Os meus amigos foram incansáveis!... Estavam sempre por perto e em alerta com tudo o que se passava comigo e com a minha bina. Tive boas surpresas quando descobria que estavam todos juntos mais à frente, esperando por mim. Lindo. Na verdade, tal como disse uma amiga, eu fui a desculpa perfeita para descansar um pouco. ehehe
Eu era a piorzita da equipa. Já não andava de bina desde os tempos de interrail... e já lá vão dez anos... mas safei-me!
Quer dizer, parei muitas vezes...
... ou por causa da sensação de hora de ponta no metro que não sabia lidar, ou por causa do celim que baixava sempre em andamento (três vezes!), ou por causa das mil e uma mudanças desajustadas que punha e que estragavam a correia e não sei mais o quê, ou por causa das dores incríveis que sentia nas pernas e no rabo, ou por causa do esforço surreal que tinha de fazer nas subidas...
Parei várias vezes, mas não desisti!
E até ficámos bem classificados... ainda muita gente chegou à meta depois de nós.
Terminámos pela uma e meia. Fizémos 13 km em duas horas, mas o trânsito estava caótico, não se pode contar o tempo em relação aos kms percorridos... não percebo como é que eles decidiram fazer a partida daquela maneira.
Ora se a competição não interessava, porque não deixarem as pessoas começar a pedalar na Ponte à medida que lá iam chegando de autocarro? Isso evitaria o surreal de tentar andar de bina em hora de ponta, que foi desolador e absurdo.
E como prova de participação, aqui está a minha medalha!
Jolas linda, é para ti, tal como prometido.
E ganhei esta bina vermelha linda, patrocinada pelos CTT, que está aqui na foto em baixo, de pernas para cima. Tirei-a, enquanto esperámos hora e meia pelo partida soar no ar.
Foi uma experiência única e na verdade, completamente radical e dolorosa para mim.
Estou muito orgulhosa de ter conseguido ultrapassar os meus limites e de sentir que a minha bina é o símbolo e o prémio disso.
É que andar de bina 13 km debaixo de um sol abrasador e com 17 mil pessoas ao meu lado, não é o mesmo que dançar salsa no Barrio ou dançar tango numa milonga!
Como prémio, fomos todos na nossa bina vermelha, comer um gelado à Conchanata de Alvalade.
Merecíamos... e soube-nos a gingas!
Agora é só andar de bina por Lisboa e além Lisboa, com os amigos.
5 comentários:
Quem te avisa teu amigo é! Eu disse q n ia ser fácil! :P
Mas ganhei uma medalha!
Jolinhas, ganhaste a minha medalha mas não foi por isso!...se não tivesses uma bicicleta como eu, a ver se também não te tinhas inscrito na Bike Tour Lisboa! Aposto que tinhas!!! :P A promessa da oferta da medalha foi espontânea e porque quis compensar-te da minha saída prematura da tua festa de anos!! Também a mim me custou ter abandonado a tua festa... e para não ficares triste, lembrei-me de fazer aquela gracinha, que pelos vistos, surtiu efeito! :P A medalha é tua! Mas a bina é minha! eheh. Beijos.
Mulher, tu és de outro mundo. O teu "relato ao vivo" hoje sobre a tua "aventura", fez me dar boas gargalhadas.
Beijinhos
Manú linda, é um "relato ao vivo" porque foi tudo sentido e vivido com grande intensidade. Foi mesmo! Foi tal e qual como aqui escrevi. Agora, também a mim, faz-me dar boas gargalhadas quando penso nisso. Isto porque já passou, claro. Uf! ;) Uma certeza eu tenho, não me meterei noutra tão cedo. ;) Beijos.
amiga ouvi dizer que te portas-te muito bem, só espero que a bina veja a luz do dia.
Sempre a rolar...
Gostei muito dos teus comentários e já escrevi mais, no entanto, não Sei COMENTAR, os COMENTÁRIOS directamente no blog. Sou um infoexcluido em progresso.
um beijo sob rodas
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