Hoje sinto-me indefinida.
Sinto-me entre o sim e o não, entre o vou e não vou, entre o passado e o futuro, entre o escuro e o claro, entre o quente e o frio, entre o vermelho e o preto, entre o mate e o brilho... podia ficar aqui a brincar nos contrários como no livro que ofereci ao meu afilhado.
Sinto que o tempo parou e eu não sei o que me apetece fazer agora.
Para aonde vou e o que me irá acontecer?
Se soubessemos as respostas, a vida não teria a menor graça.
Será que se estivesse a pedir uma sobremesa, pediria mousse de chocolate preto ou branco?
Só isto já provocaria mil risos, se não fosse eu quem o dissesse mas quem eu sei que o pensasse.
Sinto-me apática, estranhamente apática. Foi depois de ler o Clube Tsé Tsé... ;)
Passou-se o dia num instante, trabalhei... mas na verdade, nada fiz.
Tenho a mesa de trabalho igual ou pior.
Desconfio que terei de regressar amanhã. Fará sol amanhã?
Tenho imenso trabalho para definir e despachar.
É bom mas, na verdade, a curto prazo, é mau.
Tenho imensas solicitações sociais que não me apetece cumprir.
Mas vou dançar na milonga esta noite!
Hoje é a abertura do Festival Internacional de Tango de Lisboa e surpreendentemente, convidaram-me para ir dançar! Leia-se que o convite foi masculino... é este o espanto que aqui deixo. É pena em Portugal e no mundo das milongas, ser este um tema de escrita... mas é.
Tenho comida e compras para fazer em casa.
Tenho a roupa para lavar e guardar, antes que os pêlos brancos e surdos dela se apoderem.
Tenho propostas de almoço em família por agendar e agilizar com o espaço suficiente para mim e para os meus sonhos.
Tenho sonhos por cumprir.
Tenho as férias de verão por definir e não me apetece repetir o programa sagrado habitual e aborrecido.
Tenho exame jurídico teorico-prático complexo para fazer em breve e o estudo por começar.
Mas a minha vontade é ir passear para a praia e comer mexilhões com molho de tomate, mas não posso ir... o bom tempo ainda não chegou.
Quero ir para sul, para Sesimbra, ao Meco do Sr. Domingos, Porto Côvo.... tenho saudades de Porto Côvo e das minhas férias de antigamente... gostava de conhecer a praia da Arrifana, já tantas pessoas me falaram dela... não me importava de regressar à Ericeira, mas agora lá mesmo ao beira-mar da vila... quero conhecer terra e gente que respirem harmonia, esperança e simplicidade.
Guardo na minha memória tantos programas giros de passeio planeados e adiados por fazer, a pé, de carro, de barco ou de bina, adiados e esquecidos por culpa do tempo que foge e do outro tempo que não chega.
Preocupa-me a minha futura e audaz participação cívica num desafio de binas... o melhor é nem pensar nesse assunto... ou então, terei de organizar-me convictamente nos treinos...
Anseio esquecer os problemas dos outros e de fugir rumo ao meu mundo ou ao outro lado do mundo.
Buenos Aires não está esquecida e hoje recebi uma boa nova para o meu mealheiro.
Milonga, sonho, aqui vou eu.