segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

"Cândido..." no Teatro Maria Matos


Ontem fui ver a peça "Cândido ou o Optimismo" de Cristina Carvalhal, a partir de Voltaire, no Teatro Maria Matos.
Gostei imenso... do texto, da encenação, da cenografia, da luz e dos actores, claro.
Está muito dinâmica, original e bem pensada, encenada e cenografada.
A cenografia é toda feita a partir de caixotes de encomendas para expedição... são inúmeros, servem de labirinto, de cómodas, de caixão, de armários, de barcos, de ilhas, de mesa, de cama, de tantas coisas... e a luz do Daniel Worm d' Assumpção, ajuda a imaginar os mil e um cenários que se criam sempre com as mesmas caixas de madeira.
Adorei uma parte, logo no princípio, em que todos os actores, estão colados uns aos outros, rodando consoante a interpretação, com velas, chapéu de sol, bandejas e copo de cerveja, em cima de um reduzido quadrado de madeira.
A aparição da rainha dos búlgaros (Catarina Requeijo) também foi surpreendente, fisicamente bem resolvida e bem interpretada.
Gostei, mais uma vez, das interpretações brilhantes do Gonçalo Waddington, que consegue sempre surpreender-me.
Ele é incrível em todas as personagens que aí interpreta. Na mesma peça, é um criado com mordomias e requinte, depois, um exemplar general de guerra, fiel à sua pátria e à sua missão, que grita "mantras" militares com fúria e convicção, depois, um clérigo da Inquisição, amante dos prazeres e do poder de condenar os outros com ligeireza a tudo o que deseja e só porque lhe convém e depois ainda, um marinheiro/motorista trafulha xico-esperto e ladrão... enfim... mil e uma personagens fabulosamente representadas em pouco mais que hora e meia.
Ainda me lembro bem da peça que fui ver ao S.Luiz em Junho do ano passado - "Quando o Inverno chegar" de Marco Martins e texto de José Luis Peixoto... ele e o Nuno Lopes, fabulosos, como sempre.
Tento nunca perder uma peça onde eles entram.
Sei à partida que valerá sempre a pena o dinheiro que dou pelo bilhete de teatro.
Para ser justa, terei ainda de aplaudir a força e a convicção da representação de José Airosa, a presença forte e psicologicamente volumosa na interpretação de Cucha Carvalheiro e a leveza e graciosidade de Catarina Requeijo.
Recomendo vivamente.
24 de Janeiro a 24 de Fevereiro.Maiores de 12 anos. Bilhetes: 15€ - 7,5€ às 5ªas

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