sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

A Júlia e o Rául



Já não consigo imaginar a minha vida sem a Júlia e sem o Raúl... a minha casa não teria certamente a mesma graça e as minhas visitas saíriam sempre sem recuerdos brancos e finos nos seus casacos.
Morri de saudades deles neste Natal... Lembro-me bem de um comentário de uma amiga minha, ex-emigra, sobre o primeiro efeito da partida de Lisboa. Disse-me que, sempre que regressava à sua casa europeia, de quem logo sentia falta era do seu Tuva e do seu Baco... hoje compreendo-a lindamente... na altura, não achei grande piada.

É giro sentir agora estas coisas... ter gatos é maravilhoso... a minha mãe sempre mo proíbiu. Tive peixes que morreram de boca aberta e piriquitos que comeram os seus próprios filhos... foi traumatizante. Cães e gatos era proíbido.

Eis uma das maravilhas de viver sozinha. :) Já não tenho de obedecer a regras alheias à minha vontade. Ela está inconsolável, claro.

A Júlia chegou a minha casa, com seis meses, no dia 9/10/2005, enrolada nos braços da madrinha Jolie e graças à paciência da madrinha Borges, num dia de chuva e de eleições autárquicas. Lá as convenci em espreitar a feira da expo dos animais abandonados... ela estava enjaulada e pertencia ao "S.O.S. da Bicharada"... naquela noite, tinha sonhado que tinha um gato... resolvi seguir a pista inconsciente e tentar concretizar literalmente aquele sonho... e voilá!..talvez porque carregava a culpa de ter atropelado um gato e de ainda me lembrar bem dos seus gemidos de dor e aflição.


O Rául Lin(d)o chegou no dia 23/05/2006. Já tinha um ano. Dei-lhe esse nome em homenagem ao grande arquitecto português. Isto, porque, por coincidência, naquela manhã tinha visitado a Casa de Santa Maria, em Cascais... andava a estudar a sua obra e a preparar uma visita guiada sobre aquela pérola, agora património de todos nós e de entrada livre, para as minhas aulas de História de Arte Portuguesa... com a Ana Pérez Quiroga, no C.C.L. do ISCTE.


O CCL é algo fabuloso: cursos livres, pós-laborais, de àreas diversas e sempre interessantes, ensina mil e um dialectos a preços de saldos o ano inteiro. Vejam http://www.ccl.pt/.


A história do Raúl também é engraçada... procuravámos uma companhia para a Jú... e para amortecer os meus remorsos e a minha culpa... andava sempre na rua e ela sempre em casa, fiel e à minha espera.

Apresentei-lhe a Amália... não correu bem... bufaram-se e engalfinharam-se logo... e tinha tinha.

E sem aviso, apareceu o Rául. Chegou com a sentença de morte anunciada, e alegadamente, seria capado, com vacinas e saudável. Nada disso, como imaginam... hoje está vivo graças ao telefonemas da tia Paula, ao amor à primeira vista atípico da Júlia - isto é, à sua passividade anti-patadas cranianas súbitas mas temporárias da Jú, de que junto video doméstico mais abaixo- e à minha fé em interpretar os pequenos sinais - que certamente não acontecem por acaso - n(d)a vida.

Fiz muito bem em recebê-lo em nossa casa... hoje somos felizes e eles, só têm olhos um para o outro. Ganhámos todos e sinto que já sou prescindível... e que posso continuar a andar na rua.


2 comentários:

Anónimo disse...

A JULIA DEVIA PRATICAR ESGRIMA. QUE GRANDE TÉCNICA. :)

.....chá na rua disse...

LOL... a Júlia tinha jeito e potencial, de facto... e isso preocupou-me até... mas poucos dias depois, rendeu-se ao encanto do miau do seu RonJuan. :)